Hoje, estamos cercados por imagens de "casas perfeitas" nas redes sociais – aquelas que parecem saídas de um editorial de revista.
Ambientes minimalistas, com decoração impecável, cores harmoniosas e, claro, com a luz natural perfeita.
Mas quando se trata de fotografia documental, a realidade é bem diferente, e esse mito da casa "Instagramável" precisa ser desconstruído.
O que é uma casa "Instagramável"?
Já tem um tempo que as pessoas tem usado o termo "Instagramável" pra falar sobre algo visualmente perfeito, esteticamente agradável e pronto para ser capturado e compartilhado nas redes sociais. Normalmente, são ambientes cuidadosamente organizados, onde cada item de decoração tem seu lugar e a estética parece estar sempre em harmonia. A ideia por trás desse conceito é criar espaços que pareçam convidativos e "perfeitos" para serem fotografados.
No entanto, essa busca incessante pela "perfeição" na decoração e na organização pode acabar criando um ambiente artificial. No contexto da fotografia documental, a perfeição é exatamente o que não buscamos.
Na fotografia documental, o foco está no momento real e na naturalidade dos ambientes e das interações familiares. A casa "não Instagramável", com seus brinquedos espalhados pelo chão, pratos de comida pela mesa e objetos fora do lugar é a verdadeira protagonista. Esses detalhes, que muitas vezes são ignorados ou até mesmo escondidos para criar a "casa perfeita", são os que contam histórias e mostram a vida real de uma família.
Não precisamos de espaços impecáveis para criar imagens poderosas. Pelo contrário, a beleza está nos momentos autênticos – nas risadas espontâneas, nos filhos brincando, no caos do dia a dia, na bagunça que, na verdade, é cheia de significados e memórias. Essas imagens não são polidas ou ensaiadas, são reais, e é isso que as torna tão preciosas.
O que importa é o que você vive, não como você vive.
A fotografia documental de família não se preocupa com a estética do espaço, mas com a emoção e as histórias que ele carrega. Sua casa, com todos os seus "defeitos" e imperfeições, conta muito mais sobre sua vida do que qualquer decoração cuidadosamente planejada. A bagunça de brinquedos, o copo de café esquecido na mesa ou as roupas espalhadas pelo quarto são parte do seu cotidiano, e isso é o que realmente importa.
Além disso, muitas vezes, as pessoas se preocupam tanto com a aparência da casa para as fotos que acabam perdendo a oportunidade de viver o momento. No entanto, é exatamente essa espontaneidade que a fotografia documental busca capturar. Não é sobre criar uma cena perfeita para a câmera, mas sobre registrar como a vida realmente acontece.
Uma casa "não Instagramável" está repleta de detalhes únicos que só fazem sentido quando vistos como parte de uma história maior. Uma criança brincando no chão, os brinquedos espalhados pela sala, o quarto bagunçado após uma noite de sono... esses são os momentos que a fotografia documental adora capturar. Eles são reais, eles são humanos, especiais.
Esses pequenos detalhes não precisam de filtros ou ajustes. Eles já têm seu próprio brilho natural, afinal, essas são as coisas que, com o tempo, vamos olhar para trás e lembrar com carinho.
A fotografia documental abraça essa imperfeição. Ela celebra a vida como ela é – cheia de altos e baixos, de momentos de calma e de caos. E é isso que torna cada ensaio único e especial. Não importa se a casa não é perfeita aos olhos das redes sociais. O que importa é o que está acontecendo dentro dela: os laços familiares, as emoções, as pequenas cenas cotidianas que definem a história de uma família.
